°Giz de cera

'..Quem disse que faniquito não cura?

quem disse que açúcar e afeto não podem curar?'

                                                               

                               

         Cheirando a Giz de Cera..'

"Esta tarde ao voltar para casa sentiu um cheiro familiar, gostoso.. Um cheiro que há tempos não sentia..
Era Janeiro e pouco havia se passado do novo Ano. Estava chegando o entardecer e o vento ia pouco a pouco ficando mais gélido. Ah como gostava daquela sensação.
Quase não havia carros na rua, o que era claro, pessoas nem em suas casas estavam. Ela caminhava, e por cada árvore que passava sentia um cheiro diferente, igual ou até ligeiramente parecido um com o outro, mas todos lembravam a mesma coisa: a infância que tinha cheiro de giz e grama molhada. Aquele cheiro de criança recém criada descobrindo o mundo, e as lembranças vinham como um jorro de felicidade.. Bastava fechar os olhos para sentir de novo e de novo aquela sensação deliciosa de ter apenas oito anos. Correr. Brincar. Sujar os pés no quintal cheio de pó, ou na areia do parquinho do jardim de infância que adorava tanto. Era só fechar os olhos.. E vinham assim como mágica todas as lembranças. As festas juninas, as árvores de natal tão lindamente decoradas, os ovos de páscoa coloridos que divertiam a si e a pequena turma de crianças tão diferentes que a maravilhava.
E aquele aroma não parava, ainda descendo a rua antes de chegar em casa, percebeu que não havia mais areia, não havia mais Jardim, nem turma. Só havia lhe restado um restinho do cheiro de grama úmida, um pedacinho de papel que sabia que havia guardado em algum lugar, imaginação e as lembranças com cheiro de Giz que, vez ou outra, ela se surpreendia nostalgicamente ao ter."